sexta-feira, 12 de julho de 2013

Olá Maria Antónia

MARCO DO CORREIO

Por Machado da Graça
Olá Maria Antónia
Como estás tu, minha amiga? E o teu marido e as crianças? Do meu lado está tudo bem, felizmente.
E, devo dizer, agora melhor esclarecido sobre a situação actual do nosso país.
Antes eu tinha grandes dúvidas sobre se a utilização da guerra, por parte da Renamo, para conseguir os seus objectivos, era correcta. Agora já não tenho.
E quem me esclareceu, com aquela inteligência e perspicácia que o caracterizam, foi o porta-voz do Presidente da República, o ressuscitado Edson Macuácua.
Explicou ele que a Frelimo é um partido de paz porque, tendo sido fundada em 1962, tentou conseguir a Independência por meios pacíficos. E só quando isso se mostrou completamente impossível, devido à intransigência do governo português, enveredou pela luta armada, em 1964.
Ora, independentemente de sabermos se a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), de 1962, era a mesma organização que hoje é o partido Frelimo, a lição fica dada. E ela aplica-se bastante bem à situação actual.
Na verdade, a Renamo anda, há vários anos, a tentar conseguir a satisfação das suas reivindicações por meios pacíficos. E, tal como aconteceu com a FRELIMO daqueles tempos, sempre esbarrou contra a intransigência de posições do actual governo, que apenas sabe dizer NÃO a todas as suas propostas.
Portanto, tal como aconteceu com a FRELIMO, em 1962, perante esta impossibilidade de resolver os problemas a bem, a Renamo parece ter optado pela luta armada.
Fiquei, portanto, muito mais esclarecido. E como Edson Macuácua falava em nome de Armando Guebuza, pode-se dizer que o esclarecimento veio do mais alto nível. Foram quase palavras divinas, no actual contexto nacional...
De resto, estas sábias elocobrações só vieram confirmar as teses do teórico Carl von Clausewitz, que afirmou, há imenso tempo, que a guerra é a continuação da política por outros meios.
É claro que haveria que aprofundar conceitos sobre o tipo de guerra, sobre os alvos a atingir, sobre os bens a destruir. Mas por aí não entrou o Edson teórico.
Na perspectiva Edson/Clausewitz/Guebuza a impossibilidade de chegar a acordo na mesa das negociações justifica o recurso à guerra. E isso deve bastar a Afonso Dhlakama e, sobretudo, aos seus generais.
Para estes falcões, dos dois lados, não importam os mortos nem os feridos, nem o sangue derramado.
Interessa vender a imagem de que têm a razão do seu lado.
Só que, neste futebol político, o craque Macuácua parece ter metido um dos seus, brilhantes, golos na própria baliza.
Liderança de craques, esta nossa!
Um beijo para ti e para os miúdos. Um abraço ao teu marido, do
Machado da Graça
CORREIO DA MANHÃ – 12.07.2013

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