domingo, 5 de outubro de 2014

Resposta a Elisio Macamo

RESPOSTA AO ELÍSIO MACAMO SOBRE A MINHA FILIAÇÃO NA OPOSIÇÃO
Elisio, no teu último comentário dizes no teu último período/oarágrafo:
“finalmente, e respondendo à tua questão, percebi que tu estavas a dizer que optaste pela oposição porque vês potencial nela. foi por isso que não vi necessidade de continuar com a discussão e achei que, nessas circunstâncias, seria incorrecto descrever as tuas intervenções como sendo desonestas. esclareça-me, por favor”.
Já tive a ocasião de te deizer inbox que não gostei muito desta colocação e vejo-me obrigado a ter que “put the record straight”. E como tive ocasião de te advertir inbox, parte do que voui escrever aqui não tinha intenção de alguma vez expôr de maneira tão pública, mas decidi por fazê-lo poruq na realidade foi tudo público pelo menos para nós comunidade Moçambicana em Lobdres no período 1990/93.
Vou começar com algo que talvez te desagrade muito.
Convivemos (eu e tu) em Londres nos anos 1990/91. Como tive ocasião de mencionar no meu texto Guebas e os G40 (II) que publiquei aqui no Facebook, particularmente tive o privilégio de ter longas conversas sobre política em Moçambique e na Inglaterra e tentamos prever o que iria acontecer nos nos subsequentes no nosso país com a introcução da nova Constituição multipartidária que era um grande passo para o fim da guerra civil que assoalava o nosso país.
Mas das várias conversas que tivemos nessa altura aquelas que retive e ainda retenho vividamente são as que se referem a Eduardo Mondlane e o seu pensamento e a questão que parecia nos fascinar erra: se Eduardo Mondlane não tivesse morrido e tivesse dirigido a Frelimo até a proclamação da Independência, qual teria sido o curso do novo país? Até essa altura eu sabia muito pouco dele e tu sabias muito mais e ele fazia parte das tuas leituras para o teu Mestrado em Sociologia. Mas estas conversas marcaram-se de tal forma que, quando já estava na BBC, por ocasião de mais um aniversário da sua morte comecei a preparar um programa sobre a sua vida mas com o fim de discortinar um pouco do mistério que envolvia (e até hoje) envolve a sua morte/assassinato.
Soube, já em 1992, que por ocasião da passagem de 20 anos após o seu assassinato, que o Departamento do Estado havia desclassificado os arquivos que continham informação sobre Mondlane que havia sido recolhida pelos serviços de segurança (supostamente a CIA). Com a juda do Alex Vines consegui obter os arquivos sobre Eduardo Mondlane de 1967 (dois anos antes da sua morte)até 1971 (dois anos após a sua morte) que foi uma auténtica revelação sobre este grande homem.
Mas bom vamos ao que interessa. Olhando de novo para o trecho do teu último comentário, vejamos:
Quando cheguei a Londres trabalhavas na Embaixada de Moçambique em Londres, onde apesar de não ter uma posição diplomática muito sénior, eras inquestionávelmente uma pessoa chave da Embaixada com acesso a dossiers muito importantes e eras referência de contacto de toda a comunidade Moçambicana no Reino Unido.
Entretanto, em 1991, para a surpresa de TODOS decidiste abandonar a Embaixada e sair da Grã-Bretanha sem despedir a ninguém. Este foi pelo menos o meu caso e foi oque soube que aconteceu com o resto da comunidade. Pessoalmente fiquei muito chocado e zangado com a tua atitude. E o resto do pessoal também se sentia mais ou menos assim pela simpatia que havias granjeado junto de todos nós. Recordo-me que nessa altura estavam na Inglaterra pessoas de peso na altura ou que viriam a sê-lo, tal como o José Mateu Kathupa (que ainda em londre foi nomeado Ministro da Cultura e eleito membro da Comissão Política do Partido Frelimo pouco tempo depois), o João Honwana (que era o Comandante Nacional da Força Aérea), o Agostinho Zacarias (Reitor do ISRI), Luis Covane (que viria a ser vice-ministro da Cultura e porta-voz do primeiro governo de Guebuza em 2005/09), Ângelo Mondlane (que viria a ser o Economista-Chefe da SADC, Gita Honwana Welch (que tinha sido uma das primeiras magistradas de Moçambique independente) Roberto Tibana (Economista que celebrizou-se internacionalmente), João Loureiro (actual PCA do Instituto Nacional de Estatística), Berrnardo Chirindza (que viria a ser vice-reitor do ISRI, Chefe da Mobilização e Propaganda do Partido Frelimo e mais tarde Embaixador na Rússia), Abdul Adamo (que penso que era na altura era funcionário sénior do MINAG) e outros nomes que não me ocorrem agora.
Embora, devido às conversas que vínhamos tendo sentisse uma certa insatisfação com o teu trabalho e na relação com o teu chefe e soubesse das tuas ambi,cões académicas, não consegui na altura olhar para o facto como algo aceitável, principalmente porque achava que te conhecia e até parte da tua vida pessoal. Mais chateado ainda fiquei quando por se saber que eu era teu amigo e que passava muitas noites na tua casa, alguns dos nossos contemporâneos suspeitavam que eu soubesse mais do que estava a admitir. E mais, devido a tua posição sensível na Embaixada é obvio que a “bufaria” teve que ser envolvida o que em certa medida aumentou o desconforto de todos nós e foi nessa altura que conheci (e convivi com)um quadro da Segurança que pouco depois viria a fazer parte da mais alta estrutura do SISE.
Ficamos sem qualquer tipo durante cerca de um ano até que a trabalhar na BBC recebi uma chamada tua a informar-me que estavas em Londres e a convidar-me para um encontro no local onde estavas hospedado e encontrámo-nos ainda essa noite.
Nesse encontro pudeste explicar-te e no que me toca puseste-me as razões porque não me tinhas informado e que a principal foi mesmo para me proteger e consequentemente protegeres-te a ti próprio. As razões que me deste foram para mim aceitáveis, mas disse-te claramente que achava que tinhas agido mal. Agido mal do meu ponto de vista porque nunca foi assim que eu agiria nem vim a agir assim quando decidi deixar de trabalhar para o Estado. E penso que se isto se passasse hoje acredito que também não agirias assim. Sei quanto passaste por ter tomado esta drástica decisão, que para muitos (até diria a maioria dos que souberam do assunto) tratou-se de uma deserção que é agravada pelo facto de ter ocorrido durante as negociações de Roma que conduziram pouco depois à assinatura do Acordo Geral de Paz e todos nós sabemos quão importante eram as embaixadas moçambicanas no ocidente no apoio ao Governo, principalmente as dos EUA, Reino Unido, Portugal, França, Itália e a do teu país hospedeiro a Alemanha.
Seria correcto avaliar que esta tua decisão foi um abandono ao partido Frelimo de quem estas simpatizante e com quem concerteza tinhas maior envolvimento do que eu alguma vez tive? Seria correcto dizer nesta altura “optaste pela oposição” como sugeres no teu trecho que reproduzí acima?
Depois de me responderes a isto, vou te dar o meu percurso e esclarecer-te a minha posição política que pareces teimar em fazeres-te de desentendido.
No entanto vou-te adiantar que, como sabes, depois de sair do Estado, colaborei com a UNODCCP (United Nations Organization for Drug Control and Crime Prevention) de 2000 a 2002, que lidava também com o tráfico e consumo de drogas bem como questões de lavagem de dinheiro e corrupção, trabalhei como Oficial de Procurement do Banco Mundial e do Banco Africano de Desenvolvimento (2002 e 2008) onde parte das minhas atribuições eram assessorar o governo no combate à corrupção, conflitos de interesse e muitos males que pululam nbo nosso sistema político e de Governo, tendo até liderado em nome do banco Mundial, a comissão de doadores (que viriam a ser o G19) que assessorava e pressionava o Governo para a Reforma dos Sistema de Procurement Público, oq ue me permitiu ter um acesso muito privilegiado a governantes de topo do nosso país.
Assim que reagires a isto, continuarei. Um abraço.
Por achar que estou a abordar assuntos a que podem não ter acesso alguns amigos meus no Facebook que não são teus amigos, também postei este comentário no meu mural. Estarei online.
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