sábado, 31 de outubro de 2015

Os governantes estão a saquear o tesouro público enquanto ainda é tempo

Por José Carlos Cruz said...
A Bancada Parlamentar da Renamo denunciou as repetidas tentativas de assassinato de Dhlakama pelas forças governamentais. O parlamento simplesmente ignorou a Bancada da Renamo. O que é estranho é que a Presidente, Verónica Macamo, estava a substituir Nyusi, que estava nos USA na cimeira das UN, na altura dos ataques. Portanto, pode-se suspeitar que tenha sido ela a ordenar os ataques, dado que ela era na altura a Chefe de Estado.
Não obstante, é irrelevante quem mandou matar Dhlakama. Foi o governo da Frelimo. Dhlakama foi brilhante ao devolver as armas, que ele capturara nos ataques, ao governo. Provou que o governo era o autor do crime de tentativa de assassinato. Em Moçambique a Constituição proíbe a pena de morte. 
Dhlakama ganhou imenso prestígio nacional e internacional com estes actos de bravura e inteligência combinada. Agora ninguém mais acredita no governo da Frelimo. 
Dhlakama ainda ficou alguns dias na cidade da Beira para tratar dos seus assuntos. Nenhum polícia ficou perto da sua casa para ver o que se passava. Quando decidiu ir embora, Dhlakama simplesmente pegou na mala e foi. Sem guarda armada. Para quê? Nenhum soldado da Frelimo se atreve a chegar ao pé dele. As FIR estão desmoralizadas e sem direcção. 
Ninguém obedece a ninguém. A confusão é total. Os ataques às bases da Renamo acontecem apenas por ordens estúpidas de chefes militares que precisam de ganhar comissões antes de irem embora de vez. 
Os governantes estão a saquear o tesouro público enquanto ainda é tempo. E Dhlakama continua em parte incerta, a comandar o seu exército. Aproxima-se a sua hora. A Frelimo ainda morde, é certo, mas está moribunda. Com cuidado, seguindo o seu plano com rigor, sem saltar passos, sem expor demasiado as suas forças, Dhlakama está a desfazer a Frelimo. 
Neste momento Moçambique está na fase pre-bélica, isto é, à beira da guerra. Nem a Renamo nem ninguém, nacional ou estrangeiro, confia no governo da Frelimo, porque não só não cumpriram com os acordos assinados em Roma em 1992 e em Maputo em 2014, como tentaram matar Dhlakama enquanto juravam que não iriam ataca-lo.
Vai ser extremamente difícil voltar a construírem-se bases de confiança para negociar-se outro cessar-fogo. 
Não existem mediadores para negociar a paz, porque a confiança neles desapareceu com os ataques do governo. Esta a actual situação política em Moçambique. 

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