segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Uma sugestão ao Presidente Filipe Nyusi





Julião João Cumbane adicionou 2 fotos novas — com Julião João Cumbane.
6 h ·




Presidente Filipe Nyusi, enquanto espero decifrar respostas às perguntas que coloquei noutro dia nos teus futuros actos governativos, estou-me lembrando de que, pouco antes da tua investidura no cargo de Presidente da República de Moçambique, eu sugeri que no projecto de composição do teu elenco governamental considerasses a inclusão de moçambicanos cujo critério de selecção fosse dual: (i) competências e sensibilidade técnicas adequadas e (ii) compromisso político com a Pátria (em oposição à filiação partidária). Muito especificamente, lembro-me de sugerir-te considerares convidar o Manuel Frenque, a Ivone Soareas e o Venâncio Mondlane para integrarem o elenco governamental que estavas a compor. A tua resposta à minha sugestão foi liminarmente negativa; até algo áspera.

Não penses que me senti mal com isso. Era apenas uma sugestão que eu estava a fazer, sustentada por um entendimento intuito que tenho sobre a génese do conflito que se vive em Moçambique. Fiz aquela sugestão por acreditar com convicção que procedendo dessa maneira tu formarias um Governo que marcaria de maneira muito particular o teu mandato, e muitos moçambicanos absorveriam melhor as noções de «novo ciclo de governação» e de «inclusão». E sempre estive claro de que és soberano nas decisões que tomas.

Hoje, como naquele momento, continuo a acreditar que terias sido recebido pelo povo como um Presidente verdadeiramente inovador. Em particular, a tua aceitação pelo embrião da classe média moçambicana, que se está a constituir no verdadeiro suporte do poder política em Moçambique, teria sido muito mais efectiva. Até estou a pensar que se tivesses procedido não tão longe daquela pobre proposta, terias evitado o reinício das hostilidades militares. Com efeito, eu não estou o Afonso Dhlakama fosse combater contra um Governo do qual a Ivone Soares fizesse parte, com a autorização dele (Afonso Dhlakama) anuindo ao teu pedido para incluir aquela bela jovem moçambicana na tua equipa governamental. Igualmente, não estou a ver o Daviz Simango a insistir no slogan «Moçambique para Todos» ou combater tacitamente contra um Governo onde um dos seus tomasse parte.

Estou absolutamente convencido de que, se tivesses considerado aquela proposta de incluir na tua equipa governamental moçambicanos que não fossem só da confiança da nossa Frelimo—claro, com as melhorias que tivesses que introduzir, para acomodar outras ideias exequíveis, qual indicar alguns governadores de província que fossem identificados e entrevistados por ti, independentemente da filiação partidária—, por esta altura Moçambique estaria na rota de consolidação da paz efectiva. As hostilidades militares não teriam começado. Assim não foi e hoje estamos na situação em que estamos.

Mas não para te sentires mal com isto, porque não és o único culpado. Os mais culpados pela situação que se vive hoje em Moçambique são aqueles ESPÍRITOS moçambicanos que não te deixaram ouvir opiniões de pessoas menos importantes, qual Julião João Cumbane que de alguns dos teus colaboradores mais directos têm perguntado «quem é esse Julião João Cumbane?». Lembro-me que algumas dessas pessoas faziam a mesma pergunta quando o teu nome figurava na lista proposta pela Comissão Política da Frelimo para a eleição do candidato presidencial deste partido para as eleições de 2014. E tu respondias «Filipe Jacinto Nyusi sou EU...». Vou responder esses que perguntam «quem é Julião João Cumbane?» mais ou menos da mesma maneira: Julião João Cumbane sou EU. E acrescento que não venero pessoas, como parece que te fizeram crer. Eu venero a vida, bons princípios e valores; eu venero a minha Pátria—a Pátria moçambicana—; venero também a Frelimo, meu Partido libertador e construtor do Estado moçambicano, de que me orgulho ser meu também. Não sou pessoa de posses materiais com algum significado. A única coisa que tenho e que me pertence TOTALMENTE, é o meu PENSAMENTO—que encontrei espaço para partilhar livremente nesta plataforma (Facebook). De tanto isto ser insignificante, Presidente, até a minha vida não é valorizada. Com efeito, já circula nas redes sociais mais uma carta anónima, dando conta da existência de um plano para a minha liquidação, que é para isso «servir de lição ao membros do G40»—que se crê que atrapalha a tua governação, e se pensa e acredita que o integro.

A propósito, essa tal outra carta anónima fez-me ficar interessado por compreender, afinal, o que é G40. Do que consegui apurar na minha pesquisa, G40 foi inicialmente uma construção de mentecaptos apostados em colocar a opinião pública moçambicana contra o seu Governo, enquanto este fosse dirigido pela Frelimo. Ou seja, o objectivo dessa construção era desacreditar a Frelimo. Só que o ataque acabou atingido, por tabela, o próprio Estado moçambicano. Ai o hipotético G40 começou a ter uma existência real, assumindo a forma de um movimento de moçambicanos que se identificam entre si por partilhar a indignação pela coisificação da Frelimo e do Estado moçambicano, e pela vontade e prontidão de lutar contra isso. São as pessoas identificadas como fazendo parte desse movimento, incluindo pessoas de todas as gerações reconhecidas na história de Moçambique independente, que são rotuladas como G40. Portanto, pode dizer-se que existem duas acepções de "G40". Uma, que está nas mentes dos querem a Pátria moçambicana vendida, que é de que «G40 é um inimigo a abater»; a outra, que está nas mentes dos moçambicanos de gema—aqueles que amam e lutam por Moçambique—que é de que «G40 é uma junta de salvação nacional». Claramente, eu identifico-me com esta última acepção de "G40". E confesso que se o G40 existisse formalmente com esta última acepção, eu me sentiria orgulhoso de dele fazer parte.

Bem, de volta ao meu raciocínio inicial, eu entendi escrever este texto, Presidente, enquanto espero ver actos que respondem às perguntas que coloquei anteriormente, para te sugerir que consideres uma estratégia para a aceleração da actividade económica em Moçambique, estratégia essa que compreenda as seguintes acções ousadas:

1. Criar cinco comissões interministeriais aglutinando áreas produtivas da economia nacional como se segue:

a. Agricultura, pecuária e pescas;
b. Energia, transportes, indústria, comércio e telecomunicações;
c. Habitação, infraestruturas e equipamento; e
d. Cultura, desportos e turismo.

2. Orientar estas comissões interministeriais para trabalhar na criação dos seguintes bancos de desenvolvimento, bem como na definição dos melhores critérios de gestão dos mesmos (bancos):

a. Banco de Fomento da Produção de Alimentos
b. Banco de Fomento da Industrialização e Facilitação do Comércio
c. Banco de Fomento da Construção Civil e Metalomecânica
d. Banco de Fomento da Criação Artística e dos Desportos e Turismo

3. Converter todos os fundos actualmente existentes nos diversos ministérios que superintendem as áreas aglutinas como indicado no primeiro ponto (1) em capitais sociais dos bancos propostos no segundo ponto (2), acima.


Presidente, tenho em mim que estas transformações representariam uma mudança de paradigma na estratégia de desenvolvimento de Moçambique, que iria marcar positivamente a tua governação. Estou em crer que essa mudança de paradigma conduziria ao aprimoramento da eficiência na gestação da Tesouraria Nacional e na alocação de recursos destinados ao financiamento da economia.

Naturalmente que a quem pensa diferente de mim e encare com suspeição esta minha sugestão. Com a tua permissão, formulo um um convite a quem queria questionar ou melhorar esta sugestão, para que se aporte aqui e comente livremente.



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Comentários


Julião João Cumbane Não está vedado o espaço para comentar tanto contra mim, quanto contra a minha atitude e contra a minha sugestão. Entendo a dificuldade que alguns encaram em distinguir ideias, atitudes e pessoas. Uma pessoa é definida pela sua personalidade. Personalidade é um padrão de comportamento ante situações que encerram perigo, fome, dor, doença, ansiedade, alegria, incerteza, insegurança, paixão, entre outras situações que causam alteração do estado emocional. Atitude é como uma pessoa reage em cada uma dessas situações, dependendo das demais circunstâncias associadas ou concomitantes. Já ideais é conteúdo do pensamento elaborado de alguém. Boas ideias geram boas atitudes e, logo, bom carácter ou boa personalidade; más ideias geram más atitudes e, logo, mau carácter ou uma personalidade problemática.
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Hermes Sueia Bom dia Professor Cumbane........
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Hermes Sueia Seria um imenso prazer recebe-lo aqui nas bandas do Zambeze......
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Yussuff Bin Pacha Rodjas Permita-me comentar seu post talvez pela 1a vez, mas que bela sugestao ! Aplausos Professor.
Isso sim, seria inclusao e dificilmente estes (opositores) teriam coragem de sabotarem o comprimisso com o povo que o chefe de estado eventualmente lhes tenha confiado. É preciso acabarmos a desconfiança entre moçambicanos so porque somos do partido A, B ou C. Só porque pensamos diferentes, nao podia ser motivo da divisao, de odio e perseguiçoes mútuas. As vezes penso e tiro a conclusao de que os nossos dirigentes nao vivem para POLITICA e servir o povo fielmente, mas sim vivem de POLITICA.
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Kulemedzana Kulemedzana Prof. permita comentar o teu post trazendo duas reflexões: A primeira é meramente política, onde propões a inclusão de alguns quadros na componente governativa, julgo eu que o Presidente podia ter essa intenção mas as opiniões que são exteriorizadas dentro da sua organização mostram que não tem grande campo de manobra mas me assemelha a Joaquim Chissano quando engolia sapos para nos manter em Paz. Segundo, Prof. não estaria a sugerir que o Estado voltasse a ser um agente económico sabendo que estamos a atravessar uma crise com empresas públicas ou empresas participadas pelo Estado, com os fundos do desenvolvimento local?
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Joao Jamal Bom dia Professor,tenho o hábito não Comentar os Post's,mas devo felicita lo pela Coragem e Visao aqui Colocada no que Singe a Linha de Desenvolvimento.

1 comentário:

Anónimo disse...

Vamos atribuir nome ao nosso sistema politico!

O que é engolir sapos para manter a paz? Insisto que a nossa maneira de pensar é medieval, prova de termos saído mui recentemente dos sistema escravagista, que predomina o SIMNISMO, e tentarmos trilhar em democracia. Acabamos desaguando em um sistema que de democracia não tem nada, um sistema que faz lembrar o coronelismo do Brasil dos anos 1898, quiçá chamássemos de SIMNISMO. Não valem as teorias de que a democracia é um sistema não acabado ou falar de democracia à maneira Africa. Podemos ter cerveja à nossa maneira, mas democracia é um sistema politico que evoluiu tanto e que já alicerces que não se pode confundir com o sistema em vigor em Moçambique e em alguns países africanos. Se atribuímos nomes de dirigentes à escolas, hospitais, ruas, pontes e outras infraestruturas, por que não assumimos a coragem de dar nome de um dirigente ao nosso sistema politico, insistimos em chamarmos de democracia.