terça-feira, 28 de março de 2017

A enfermidade da cultura - Por Lurdino Soto

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Vozes - @Hora da Verdade
Escrito por Redação  em 28 Março 2017
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A cultura deve preservada, é a identidade de um povo com ética e com moral, a cultura não moderniza-se é indelével, são hábitos que nos unem aos ancestrais, somente admite-se a possibilidade da evolução e modernização dos praticantes de uma dada cultura porém, estes evoluídos e modernizados não devem fazer ou promover a modernização da cultura.
A importação de hábitos culturais alheios a um dado povo, concorrem para o desdém da cultura dos importadores, não obstante a perda de originalidade e identidade, tornam-se incultos e vivem em função de culturas estranhas, praticam hábitos alheios e desvinculam-se dos seus ancestrais.
A cultura é um legado transmitido de geração em geração, é património de um povo, portanto, é da responsabilidade da sociedade a sua preservação. O Intercâmbio de culturas não visa a competição ou subjugação delas, mas significa o reconhecimento da existência de outras culturas que abre espaço para troca de impressões sobre soluções de problemas comuns.
A imitação de culturas provoca comportamento estranho a própria cultura, falta de respeito, falta de carácter e personalidade, falta de diretrizes moral e éticas.
Somos constantemente afrontados e confrontado, humilhados e insultados por compatriotas que numa autêntica demonstração de desrespeito e exibicionismo de ignorância chamam os moçambicanos de um povo menos receptivo e com mente fechada por alegadamente comportar-se abaixo das expectativas deles em relação a mediocridade que exibem em público.
A questão é, será pelo facto desses caros compatriotas viajarem muito pelo mundo fora, e estarem permanentemente em contacto com culturas estrangeiras que dão-se o direito de menosprezar a nossa cultura?
Esses compatriotas iludem-se bastante com o alheio, devem perceber antes que essas culturas que eles apreciam e por conseguinte violentam-nos e maldizem-nos como “povo fechado” levaram tempo para introduzir esses hábitos que eles apreciam, não foi automático, enga-se quem pensa que no brasil por exemplo, todos agradam-se pelo nudismo.
Alguns compatriotas viajaram anteontem, ontem regressaram ao país e hoje querem exibir a mediocridade do país onde estiveram. Compatriotas, na possibilidade de introdução de hábitos culturais que vocês gostão nos países onde frequentam, acham que seria de forma repentina? Ou teríamos de fazer de forma paulatina? É que mesmo um carro nunca sai da primeira para a sexta mudança “num piscar de olhos”.
Como moçambicano e amante da cultura moçambicana, preocupa-me sobremaneira o silêncio ensurdecedor do Ministério da Cultura e Turismo, permitam-me expor as minhas inquietações, face aquilo que considero ser papel fundamental da actuação de um Ministério da cultura de um país.
Moçambique deve ser o único país do mundo onde o povo se diverte a custa da mediocridade da cultura dos outros povos, mas também não é de admirar, pois até os dirigentes ao mais alto nível oferecem-nos espectáculos gratuitos ao reunirem-se para debaterem questões de tseke. Em condições normais a operacionalidade do Ministério da cultura e turismo deveria cingir na promoção de uma disciplina de valorização da nossa cultura dentro e além-fronteiras.
Afinal que nação somos nós que exaltamos a mediocridade de outras culturas? Será que o Ministério da Cultura e Turismo tem noção dos conteúdos que são vinculados em Moçambique?
Os programas televisivos de entretenimento em Moçambique são uma passarela para cada “celebridade” desfilar o seu desprezo e humilhar a cultura moçambicana. Qual será o papel do Ministério da Cultura e Turismo nesta gritante falta de respeito a nossa cultura? Afinal o que andam por ai a fazer os funcionários deste ministério? Quem é o ministro que nós pouco o conhecemos?
A pirataria atingiu proporções alarmantes, a pornografia e a violência é divulgada de forma avulsa pelas novelas, filmes e músicas nas emissoras de televisão. Que sociedade estamos a edificar? Há quem diga que quem tudo quer, tudo perde, nós imitamos um pouco de tudo e acabamos com “um pouco de muita mediocridade”. Será este o objectivo do Ministério da Cultura e Turismo de deixar a mediocridade entreter-nos enquanto alguns metem-nos em crises de forma sorrateira, ou é falta de competência do ministro da Cultura e Turismo que torna este Ministério inoperante?
Por Lurdino Soto

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