quinta-feira, 20 de abril de 2017

Homem escavou um canal de água com 10 km entre montanhas em 36 anos

CHINA

China. 

Quando a sua aldeia ficou sem acesso a água, Huang Dafa começou a escavar um canal com 10 km que atravessa 3 montanhas de calcário. Demorou 36 anos. Agora, é um herói lendário na China.
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Um homem passou trinta e seis anos a escavar um canal de água com quase dez quilómetros de comprimento nas montanhas Guizhou, China. Huang Dafa, líder de 82 anos de uma pequena aldeia escondida entre as montanhas, Caowangba, começou a construir o canal em 1959 para permitir que a povoação tivesse acesso a água potável. Apesar de muita gente ter ridicularizado a sua ideia, Huang foi auxiliado por alguns populares, que usavam apenas ferramentas de mão e explosivos para abrir caminho. As imagens da construção, terminada em 1995, tornaram-se virais nos últimos dias depois de uma reportagem de um jornal chinês.
Para a população de Caowangba, o seu líder é uma reencarnação da lendária figura de Yu Gong. A crença chinesa conta que a casa de Yu Gong ficou separada da vila vizinha por duas montanhas que nasceram durante a noite. O homem terá então começado a escavar entre as montanhas, embora toda a gente gozasse com ele. Sempre que era ofendido, Yu Gong respondia que enquanto a sua descendência poderia continuar a sua obra ao longo de gerações, as montanhas nunca iriam tornar-se ainda maiores. Sensibilizados pela determinação de Yu Gong, os deuses fizeram desaparecer as montanhas e o homem voltou a reunir-se com os seus vizinhos. Foi desta história que nasceu o provérbio chinês “yu gong yi shan”, que significa “o homem velho pode mover montanhas”, usada quando se quer fazer referência à determinação e persistência de alguém.
As três montanhas escavadas por Huang Dafa desde os seus 23 anos eram cársticas, ou seja, tinha muitas cavernas, desfiladeiros, colinas e outras construções geológicas de rocha calcária corroída por químicos transportados pela água. Há muito que o solo de Caowangba tinha secado, limitando as reservas de água a um único poço que tinha de abastecer mais de 1.200 pessoas. O acesso à água chegou a ser limitado, conta a um jornal chinês o líder da vila: “Havia uma regra: ninguém podia levar muita água. Se o fizessem, alguém podia não ter como fazer café na manhã seguinte”. A população também perder um campo de arroz com 330 metros quadrados que ficou ressequido: “Era um problema sério. Começámos a procurar uma solução séria. Essas condições motivaram-nos”, conta Huang Dafa.
Huang Dafa não tinha quaisquer conhecimentos de engenharia ou arquitetura quando começou este projeto. Interrompeu-o durante alguns anos e rumou a Fengxiang, a mil quilómetros de distância de Caowangba, para aprender estudar os sistemas de água na cidade dessa Fengxiang. Regressou nos anos noventa para continuar a obra: passava grande parte do seu tempo nas montanhas e admite ter sacrificado muito da sua vida pessoal em prol daquela construção. Enquanto trabalhava, o neto e a filha morreram. Um dos seus filhos, Huang Binquan, agora com 53 anos, conta que o pai não esteve em casa “nem quando a filha estava no leito da morte porque os outros construtores não saberiam o que fazer se ele não estivesse lá”.
Agora, toda a gente tem acesso a água e até o campo de arroz voltou a ganhar vida: produz 400 mil quilogramas de arroz ao ano, quando antes chegava a um máximo de 25 mil quilogramas. Ao fim de 22 anos, outros aspetos foram melhorando a qualidade de vida em Caowangba: no mesmo ano em que o canal foi terminado, a vila começou a ter acesso a eletricidade e até foi construída uma estrada nova. Tudo pelas mãos de Huang Dafa.

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