sábado, 15 de abril de 2017

O OUTRO LADO DA “OPERAÇÃO TRONCO”



Alexandre Chivale com Lazaro Mabunda e 7 outras pessoas.
12 h ·

O OUTRO LADO DA “OPERAÇÃO TRONCO”

Tem dado que falar a famosa “Operação Tronco”, sob égide do Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural. Depois das espetaculares apreensões de madeira, com direito à cobertura televisiva, ocorreu-me colocar o outro lado desta operação, aplaudida por uns e criticada por outros, o que é normal em sociedades democráticas. Entretanto, há aspectos que vale a pena questionar, como abaixo indico.

Em primeiro lugar, conversando, com alguns operadores madeireiros, os mesmos acharam estranho que o Ministro os tivesse chamadas para um encontro, em Maputo, apenas para lhe comunicar de uma decisão já antes tomada e comunicada aos média, dias antes do encontro da semana passada. Na tal reunião não houve debate, pelo que a presença dos operadores era dispensável, na medida em que já estavam informados das decisões e podiam ser formalmente comunicados por carta, para além de que cada um deles pagou bilhete de avião e hospedagem para vir ser informado de algo que todo o moçambicano que acompanha as notícias já sabia.

Por outro lado, sabido que nos termos do artigo 32 da Lei n10/99, de 12 de Julho (Lei de Florestas e Fauna Bravia), conjugado com o artigo 13, n 1 do Decreto 12/2002, de 7 de Julho (Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia), o período de defeso dos madeireiros vai de 1 de Janeiro a 31 de Março, por que razão se optou pela espetacular campanha justamente nesse período, quando se sabia que a maioria dos operadores (estrangeiros) estava nos seus países, de férias? É que nessa época o MITADER sabia que não havia de encontrar os donos da madeira apreendida, para lhes mostrar os documentos que comprovam a legalidade da exploração da mesma! Portanto, foram aos estaleiros (fechados, porque em período de defeso) para procurar algo que sabiam que não haveriam de ter! Seria escusado chamar um empresário, de férias na China, só para vir mostrar papéis aos solícitos fiscais de nível central.

Mais ainda, a definição de defesos especiais não pode ir para além do que dispõe o artigo 13, n 2 do Decreto 12/2002, de 7 de Julho, pois este abrange determinadas zonas e espécies florestais. Mas o que ouvimos do que disse o Ministro é contrário à lei é só contribui para matar o empresariado nesta área, uma vez que em 2017 só irão operar por 3 meses (lembrando que a partir de Outubro começa a época chuvosa). Será que operar 3 meses é suficiente para pagar salários e outras despesas de 12 meses? Uma verdadeira asfixia aos madeireiros! A justificação de que está a organizar a casa não cola, pois é estranho que no terceiro ano do mandato ainda esteja em arrumações, para além de que se fosse verdade que toda a madeira “apreendida” é ilegal, o MITADER não precisava de técnicos e dirigentes de nível local, já que deixaram que toda aquela madeira fosse cortada e não cumpriram o seu papel e se o Ministro não se desfaz deles é por demais cúmplice. Mas já agora, porque é que o Ministro não arrumou a casa no período de defeso, escolhendo este para o espetáculo deprimente que vimos?

Finalmente, suspeito que o MITADER não saiba a quantidade exacta de madeira putativamente apreendida nesta cosmética operação. É que em 10 minutos, uma só pessoa não pode aferir a quantidade de madeira num estaleiro. Uma cubicagem normal de 10 mil metros e por uma pessoa leva uma semana. Por aquilo que se viu e ouviu é legítimo suspeitar que quem as fazia ignorava este processo. E considerando que a multa corresponde ao número de toros e respectiva espécie, pode o MITADER explicar-nos como chegou aos números publicados? Aliás, os madeireiros que se reuniram com o Ministro desafiaram-no a levar a imprensa, os madeireiros e quem quer que fosse para o terreno e provar que a madeira apreendida corresponde aos ditos 150 mil metros cúbicos. Espero que se faça, sob pena de ser acusado de desvio de madeira, porque segundo eles é pouco crível que achem a quantidade publicitada na imprensa.

Olá paz!

PS: era suposto que a imprensa que testemunhou o encontro relatasse este outro lado da operação, conforme palavras dos operadores madeireiros no encontro.

PS2: Obrigado Cda Presidente Filipe Nyusi, por recordar -nos que devemos aceitar ideias contrárias! Cá estou a exprimir as minhas ideias em torno da "Operação Tronco".
Só na Frelimo vamos esta abertura, o que me orgulha!

12 comentários
Comentários


Manuel Carlos Nhanala É necessário tomar medidas coerentes e sem sentimentalismos, senão acabamos sendo os maus da fita. O empresariado nacional é que sai prejudicado neste teatro todo. Muita pena o que está a suceder no ramo das florestas.
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Fernando Jorge Francisco Cumbana Pode ser que algo tenha corrido e que os tecnicos tenham levado ao minisro falsas informaçoes o que tem se tornado normal nesta perola do indico,infelizmente.Mas a casa tem que ser arrumada,Chivale,leve o tempo que levar.A nossa mata està sendo desnudada sem dò nem piedade por conta da ganancia sem que as populaçoes locais se provetem do resultado final.
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Dino Foi Conta de Alexandre Chivale foi hackeada. Kikikikiki
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Alexandre Chivale Ehehehehe, yiwe, maprovoco...
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Dino Foi Algumas destas coisas eu só "oleo ", estes dias. Estou Velho para me irritar. Nossos chefes precisam de assessorias sérias.
Só de pensar que preciso de fazer destronca em Gorongosa para dar espaço à uma farma me passo com o stress a seguir por causa da madeira produzida no processo.
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Manish Cantilal Nao foi hackada nao kikikiki
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Sultan Nazir Nazir Ainda vamos assistir muitas histórias.
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Jeremias Miapa So pode ter sido hackeada mesmo pk kdo sta na televisao é outra pessoa, impossivel acreditar k é o mesmo akele jovem kdo sta num debate mudo de canal. surprendeu bem. Continue assim. diga oki pensa. nada do k kerem.
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Leonardo Lourinho Que haja control mas também se saiba que tem que haver reposição das espécies. Esta operação deixou de rastos muitos jovens que estavam a tentar singrar. Que a verdade seja dita.
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Alexandre Fernando Mano Chivale, só umas perguntas:
- Uma empresa séria deve mesmos esperar pelo dono para mostrar documentos? Quer dizer, se tu viajares para Dubai, o pessoal do teu Escritório não conseguiria dizer mostrar a Declaração de NUIT, por exemplo?
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Alexandre Chivale O meu amigo Alexandre Fernando já ouviu falar de férias colectivas?
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Alexandre Fernando Férias colectivas de 3 meses, nunca ouvi falar. Mas estou disposto a aprender...
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Alexandre Chivale E qual é o limite que a lei impõe para as férias coletivas? Foi ler os dispositivos que citei? Se não, faça-o depois conversamos. Sem isso, não espere mais uma palavra minha, sob pena de estarmos laborar em assimetria de informação.
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Alexandre Fernando E por falar em limites, qual é o limite que impõe para a realização de inspecção / fiscalização?
Estamos juntos!
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Miguel Chissaque poleitizacao de interresses difusos nao
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Alexandre Chivale Polei o quê?
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Miguel Chissaque nao sei qual a palavra correta, entretanto o que quis comentar e que nao se devia reduzir a operacao tronco que e a protecao de interesses difusos como e a protecao das nossas florestas a uma dimensao politico o sr. Esta a tentar fazer
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Alexandre Chivale Sua opinião
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Alexandre Chivale Um pedido especial aos aparecedores/wanna be: se quer discutir algo aqui, informe-se primeiro, porque isto não é palco de show de talentos nem sede de alfabetização intensiva de adultos.
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Rui Retxua

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Rui Retxua Concordo com a sua opiniao mano Alexandre Chivale, mas este comentario o qual estou dando o meu comentario, ACHO DESNECESSARIO (minha opiniao).
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Kutcha Kutcha Esta campanha é credível e pontual.

O plano estrategico é eficaz, e o plano tático eficiente. Claro que é o primeiro ensaio de natureza, por isso exige muito trabalho no que concerne a coordenação das equipes multisectorial e as comunidades.
Outrossim, pela urgência de estancar a desvastação arbitrária, desordenada, sem observância a norma juridico-legal e disposição da fauna, teve-se que por a plano operacional com maior urgência.

Cada dia que passa verifica-se perdas inestimáveis da nossa madeira ou árvores.

Já fui madereiro (licenciado) Eu operava em Mogovolas nos regulados e Rhempua e Maraca. Eu vivia em loco. Falo com conhecimento de causa. O que a imprensa divulga só deixa a sociedade com mínima noção do que acontece no campo.

Os chineses trouxeram sua tecnologia ( maquinaria de ponta), e diminuiram nossa espectacular floresta em "cinzas".

Neste periodo defeso, a exploração continua desenfreada, sem "escrúpulos". O MITADER sabe disso. Não devia continuar a assistir com indiferença.

Defeso especial no sector de madeiras é para “salvar a floresta” no Centro e Norte de Moçambique
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Tema de Fundo - Tema de Fundo
Escrito por Adérito Caldeira  em 13 Abril 2017
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Foto de Adérito CaldeiraA “Operação Tronco”, quiçá a primeira campanha de fiscalização florestal em Moçambique “deveria ser rotina”, afirmou o ministro da Terra e Desenvolvimento Rural durante a 3ª reunião com os Operadores Florestais Madeireiros acrescentando que a mesma mostrou “um cenário desolador, lastimável e inaceitável de delapidação dos nossos recursos florestais”. Sobre o defeso especial de 90 dias que o Governo decretou na exploração florestal no Centro e Norte do País, Celso Correia explicou que é para “salvar a floresta”. Os industriais do sector declararam não ter “capacidade para aguentar 3 meses sem produção” enquanto os madeireiros moçambicanos questionaram as quantidades de madeira apreendidas, “não conferem com a realidade”, e pediram o fim da parceria com os chineses, “não há china bom para madeiras e florestas”.
Todos sabíamos que as nossas florestas estavam a ser serrada e que a madeira levada, principalmente para a China, quase sem receitas para o Estado moçambicano. Porém a Operação de fiscalização lançada a 1 de Março pelo Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural(MITADER), envolvendo quadros do sector de fiscalização florestal a nível provincial, a Polícia de Protecção dos Recursos Naturais e Meio Ambiente, a Procuradoria Geral da República, as Alfândegas de Moçambique e os Serviços de Informação e Segurança do Estado revelou “um cenário desolador, lastimável e inaceitável de delapidação dos nossos recursos florestas”.
Em 87 dos 123 principais estaleiros e parques de toros visitados nas províncias de Cabo Delgado, Nampula, Zambézia, Tete, Manica e Sofala foram detectadas várias irregularidade, que resultaram em aplicação de multas no valor de 157.423.710 meticais, com destaque para o armazenamento, transporte ou comercialização de recursos florestais ou faunísticos sem autorização, ou em desacordo com as condições legalmente estabelecidas; e a recepção de recursos florestais ou faunísticos sem que se tenha documento comprovativo da autorização do vendedor ou do transportador.
Durante a Operação que está em fase de balanço, e incluiu a fiscalização nos Portos da Beira, Quelimane, Nacala e Cabo Delgado, foram apreendidos 150.982 metros cúbicos de madeira das espécies Umbila, Chanfuta, Pau-ferro, Mondzo, Pau preto, Metonha, Metil, Chanato, Messassa, Nkula e Chacate Preto, sendo que 135.159 metros cúbicos está toros e 15.823 metros cúbicos são de madeira processada e semi-processada.
Junto do MITADER o @Verdade apurou que entre a madeira apreendida 1.917 metros cúbicos corresponde a madeira preciosa, 139.491 metros cúbicos são de madeira de primeira classe, 44 metros cúbicos são de madeira de segunda classe e 9.529 metros cúbicos correspondem a madeira de 3a classe.
“Só não decretamos defeso especial nas outras províncias porque essas já não tem florestas e já não têm madeira”
Foto do MITADERDiscursando no passado dia 6 em Maputo, na 3ª reunião com os Operadores Florestais Madeireiros, o ministro Celso Correia declarou que a forma de exploração que tem sido realizada é um “processo em que o valor sai e fica a pobreza para os moçambicanos, um processo que poderá nos levar dentro de dois a três anos a extinção daquilo que é um recurso que podia resultados para futuras gerações e ser renovável”.
“Estas apreensões dão-nos a responsabilidade de continuar a implementar a reforma e acelerar medidas de forma para salvar a floresta o que impôs que o Governo decretasse um defeso especial na exploração florestal nas províncias de Cabo Delgado, Niassa, Nampula, Zambézia, Tete, Sofala e Manica, por um período de 90 dias. Só não decretamos defeso especial nas outras províncias porque essas já não tem florestas e já não têm madeira”, disse.
De acordo com o governante foi também suspenso o início da campanha anual de corte, que habitualmente inicia a 1 de Abril, “é uma decisão lógica que surge da primeira, queremos reavaliar os processo de licenças de exportação de recursos florestais”.
O ministro da ministro da Terra e Desenvolvimento Rural deixou claro que a Operação Tronco vai prosseguir durante o “tempo necessário para garantir o controlo efectivo da exploração florestal” e que “a nível interno, com base na informação recolhida, iremos abrir processo disciplinares e encaminhamento a Procuradoria da República para funcionários que indiciam suspeita de envolvimento na facilitação das infrações florestais”.
“Não somos ladrões, existem ladrões sim senhor mas há operadores aqui honestos”
Relativamente ao destino da madeira apreendida Correia disse que “a decisão da Nação” é que “com tanta madeira não faz sentido que as crianças moçambicanas continuem sentadas no chão” e desafiou as indústrias presentes na reunião a envolverem-se na produção de carteiras escolares durante o período do defeso. Alguns representantes da indústria de madeira chamaram atenção para o facto das carteiras escolares não serem feitas apenas de madeira, “é preciso ferro, parafusos etc”, todavia o ministro disse em entrevista ao @Verdade que a ideia é vender a madeira preciosa para daí obter os recursos financeiros para pagar as 750 mil carteiras que se pretendem produzir até 2018.
“Quanto tempo vai demorar até nos chegar a madeira, quando tempo vai demorar a organizar as tais hastas públicas, nós estamos em Abril, dessa madeira quanta é adequada para produzir carteiras escolares”, questionou declarou José Cardoso, representante da Moflor que ainda alertou “que a madeira que fica a secar guardada em estaleiro perde qualidade, entra bicho, e se muito rapidamente não for resolvido o problema da madeira que foi arrestada mais de metade da madeira é para o bicho”.
Sobre o período de defeso especial este representante da Moflor referiu que “por causa da conjuntura já estávamos confrontados com plano de negócios negativo e agora o Estado vem dizer-nos que não há receita durante 3 meses”.
“Quando nos é dito no início de Abril vocês não podem comprar madeira ficamos sem stock” declarou Cardoso apelando “não nos tratem a todos como bandidos, encontrem uma forma de nos proteger(...) Compreendendo a necessidade do País por este defeso acho que estão a arrumar com toda a indústria séria deste País. Nós na Moflor não temos capacidade para aguentar 3 meses sem produção. Peço ajudem-nos porque nós possivelmente fechamos a empresa”.
Um representante do grupo Chantel, que tem uma concessão na província de Manica e opera uma indústria em Maputo, revelou que desde o “mês de Setembro para cá não existe nenhum camião que veio para Maputo, as indústrias do Maputo estão paradas. Em relação ao defeso especial já está decidido, só condeno esta questão de decidir sem aviso prévio(...) nós temos as nossas despesas como concessionários, com exploradores, como indústria”.
Tal como o orador que o antecedeu o operador do ramo de madeiras sublinhou que “não somos ladrões, existem ladrões sim senhor mas há operadores aqui honestos. Então não podemos levar pela mesma tabela, há pessoas que investiram rios de dinheiro estamos a pedir a reflexão do defeso especial. Querem arrumar a casa, as nossas casas estão arrumadas, cabe ao MITADER pegar a partir do técnico, fiscal, chefe de serviço, todos corruptos e separar. Mas vou garantir excelência vai ser uma tarefa muito difícil na República de Moçambique”, prognosticou.
“Não há china bom, isso pode ter a certeza”
“Eu sou de uma serração que tem uma capacidade de processamento de 10 metros cúbicos por dia, significa que por semana processo 50 metros cúbicos. Na cidade e província de Maputo existem acima de dez indústrias iguais a minha, então precisam-se acima de 500 metros cúbicos de madeira. Mas neste momento a madeira não está a chegar, estas indústrias todas estão paradas”, lamentou Marcos Simbine, da fábrica de móveis Simbine.
Foto do MITADERNarciso explicou que “o nosso maior problema é que a forma tradicional como se fazia o negócio de madeira mudou drasticamente, a madeira passou a ser tratada como um produto de dumba-nengue. Os exportadores de madeira metem dinheiro no País pelas vias que metem e andam com sacos de dinheiro pela floresta a comprar”.
O operador florestal na província de Cabo Delgado sugeriu que uma vez que as madeiras de segunda classe “estão menos pressionadas deveria ser autorizado a explorar, paramos com a outra e provavelmente será a forma de introduzir essas madeiras no mercado e reduzir a pressão sobre as outras todas”.
“Nós ainda não trabalhamos para acumular, trabalhamos para pagar dívidas(...) quando o Senhor ministro diz que não se pode avisar estão a tratar-nos a todos como bandidos e não é justo. Não se pode penalizar a todos por uma situação com a qual todos concordamos, nós vamos colaborar, todos nós sabemos onde está o problema e sabemos qual é a solução”, concluiu.
Por seu turno Erasmo Valente, operador florestal na Zambézia há cerca de 20 anos, destapou um dos cancros o grande número de cidadãos de nacionalidade chinesa que não se limitam a comprar a madeira dos operadores mas estimulam os furtivos e a exploração ilegal. “(...)O casamento entre nós e os chineses tinha que terminar. Eles que fiquem lá, nós vamos cortar e vamos exportar (…) Nestes 3 meses que vamos ficar a sofrer, eles que também tirem o que é deles”.
“Não há china bom, isso pode ter a certeza, em 20 anos que estou no sector não há china bom, se há não é para madeiras e florestas” disse Erasmo Valente que sugeriu ao ministro Correia que a madeira apreendidas na Operação Tronco “deveria ser devolvida aos exploradores(nacionais) é nossa, foi invadida nas nossas áreas”.
“Qual o critério que usaram para poder contar e calcular o volume da madeira que estava lá”
Falando em nome da Associação Moçambicana dos Madeireiros(AMOMA) Vitória da Silva Coelho deixou claro que os operadores concordam com a acção de fiscalização que o Governo está a realizar mas pediu a “inclusão da AMOMA nas equipas multi-sectoriais”. Vitória da Silva Coelho disse que a Associação as quantidades anunciadas de madeira apreendidas “não conferem a realidade”.
Uma operadora florestal na província de Nampula, Felicidade Elisa, corroborou a posição da AMOMA sobre os 150.982 metros cúbicos de madeira propalados pelo MITADER. “(...) Os técnicos envolvidos não tiveram tempo suficiente para fazer o levantamento que se esperava que fizessem. Chegavam a um estaleiro não ficavam nem 2 horas de tempo, na sua maioria, e diziam neste estaleiro encontramos 20 mil toros. Eu pergunto como é possível e qual o critério que usaram para poder contar e calcular o volume da madeira que estava lá”.
“Vem aqui na Lei que a multa por falta de mapa de especificação são 20 mil meticais e os técnicos que trabalhavam na Operação Tronco aplicavam 150 mil meticais por falta de ficha de especificação. A falta de sigla a multa é de 20 mil meticais mas eles diziam que a multa são 150 mil e a madeira está apreendida e fica à favor do Estado, mas a Lei diz que a madeira aguarda pela regularização da documentação”, indagou Felicidade Elisa mostrando ao ministro a cópia da Lei.
“Os bons estão a ficar poucos no sector das madeiras”
Foto de Adérito CaldeiraO ministro da ministro da Terra e Desenvolvimento Rural reiterou que “toda a Operação Tronco foi feita com transparência, essas constatações de que a madeira é a menos havemos de chegar lá, mas que não seja margem para fazer o que tem sido feito no passado. Sempre que há uma apreensão evapora a madeira, desaparecem contentores e provavelmente agora no terreno está a acontecer uma operação parecida para depois virem dizer que o Estado contou mal, que aquela madeira que a Nação toda viu não existe” .
“Continuaremos firmes neste processo de por os recursos naturais ao serviço dos moçambicanos”, acrescentou o ministro Celso Correia e desfez dúvidas “o mercado chinês interessa-nos, existem chineses sérios (…) não vamos entrar neste jogo que são os chineses, é o mercado amanhã podem ser outros, nós também temos a nossa quota parte neste processo, não vamos entrar em actos de xenofobia”.
O governante reconheceu que os operadores honestos estão a ser prejudicados por um ambiente adverso mas deixou claro que “se não tomarmos estas medidas, daqui a dois anos não temos florestas.
Sobre o modus operandi da Operação Tronco o ministro aclarou que “os bons estão a ficar poucos no sector das madeiras, aqui nesta sala estão cem mas existem mais de mil concessões(...) como é que avisamos ao bandido que queremos prender-te, o que acontece é que sempre que queremos tomar alguma medida vão as matas e parece que é o última ceia, rapam tudo, não somos ingénuos(...) o que está em causa é muito superior a interesses particulares ”.
“Nós não vamos deixar a indústria cair, mas a situação é delicada, se nós não tomarmos as medidas que estamos a tomar daqui a dois anos vamos ter de fazer a mesma coisa que fizeram na Tanzania que é suspender o corte definitivamente”, explicou Celso Correia pedindo aos participantes do encontro para apresentarem propostas concretas sobre como “o Governo pode proteger os que são sérios”.
Relativamente a exportação Correia disse que o Governo tem “de definir um novo modelo de exportação da madeira, é o mercado que está a pressionar”.
O ministro afirmou ainda que a 3ª reunião com os Operadores Florestais Madeireiros foi também uma forma de “auscultar como podemos construir um melhor defeso” e frisou que “a parte mais difícil do trabalho começa agora, a Operação Tronco deveria ser rotina, não deveríamos celebrar uma acção de fiscalização”.
Gosto · 6 · 8 h


Euclides Flavio com Eusébio A. P. Gwembe e 19 outras pessoas.
14/3 ·

QUEIMAR A MADEIRA: O luxo que não nos devemos dar

Parte II

É verdade que ficamos chocados quando vemos uma árvore derrubada para dar lugar a negócios obscuros entre os Mambas e o Dragão. O mais agravante nessas verdades é que não há plantio de novas árvores e as florestas a cada dia estão se tornando desertas.
Não é menos verdade que nos entristece ver a floresta moçambicana cada vez mais desprotegida, o que em parte abre espaço para que haja confronto directo entre homem animal, uma vez que a floresta fica cada vez mais aberta. Tudo em nome da venda da madeira. Mais ainda, sentimo-nos chocados quando vemos que as nossas relações com os nossos vizinhos nomeadamente Tanzania, Malawi Zimbabwe ficam minadas quando jovens destes países levam bala por conta da madeira. O episódio da queima de “troféus” que assistimos no ano passado chocou-nos muito e não gostaríamos de assistir de novo mais um cenário idêntico. Ou Seja, não queremos ouvir sobre a queima da madeira que a Associação dos Madeireiros (AMOMA) tanto defendem em nome do moralismo internacional e sem pernas para andar. Honra-nos bastante diante de gente que, tendo satisfeito as suas necessidades básicas, não mais precisa se preocupar com o pão e o peixe do dia seguinte, mas sim com as coisas que fazem da natureza, um espaço completo. Pela forma como os MADEIREIROS associados defendem as suas convicções parece que MADEIRA chega a ter mais importância que uma criança que estuda em Bunhiça ao relento. A “OPERAÇÕS TRONCO”, deve ser realizada dentro dos moldes locais. Não precisamos de dar exemplo ao mundo para tratar um assunto localizado quanto este. Tenhamos muito cuidado. Problemas locais, recomenda-se soluções locais.
Portanto, não é para menos, é que um país do terceiro mundo pretende colocar no “fogo” bons Milhões de Dólares em nome do combate a um mal que enferma as nossas florestas. Parece mais fácil colocar muitos “milhões” no fogo em nome da exemplaridade simbolica e tentando disciplinar pessoas que já não existem, afinal foram abatidas pelos “Rangers” no meio da jornada de tráfico da madeira. Parece ainda mais fácil chamar atenção ao mundo com actos de glória quando mais da metade da população consome água imprópria devido a falta da fontes melhoradas de abastecimento daquele líquido precioso. Ao executar este “acto glorioso” iremos perder a oportunidade de mostrar ao mundo como se combate um mal sem ter em conta as especificidades locais. Esta prática nociva não é combatida através da tentativa desenfreada de buscar protagonismo “junto das organizações nem associações” que lidam com questões ambientais e florestais, mas de forma responsável, colocando os interesses do estado em primeiro. O combate a esta prática faz-se com a POLÍCIA E GUARDAS FLORESTAIS BEM TREINADOS, EQUIPADOS E SUPER NUTRIDOS. O combate ao crime não é feito através da “queima” dos produtos roubados, mas da detenção dos que semeiam a tal desordem. O que é roubado ao Estado deve ser devolvido ao Estado para que este coloque no devido lugar. E por que não vender a “madeira” e com o dinheiro comprar SEMENTES E ADUBOS PARA TERMOS MAIS EUCALIPTOS? É esta polícia e guardas prisionais famintos e estas associações em conexão que “volta e meia" está nos armazéns a “subtrair” a madeira apreendida para vende-la mais uma vez no mercado negro. Por quê? Simplesmente porque faz um trabalho de honra e ganha misérias. Parece-me que neste momento, com toda a sinceridade, não é interesse nobre da AMOMA e muito menos de MITADER acabar com a mão criminosa que dizima floresta moçambicana. Quando um traficante de madeira, lesa o Estado deve ir as celas. Não é o estado que, ao recuperar o seu bem, devia destruir o bem roubado. Nesta lógica estaríamos a dizer que as vitimas de roubo, ao recuperar os seus bens, devem destruí-los. Se assim fosse melhor seria deixar nas mãos do “ladrão” do que recuperá-lo para depois destruí-lo. Com esta situação, colocamos duas questões que julgamos serem importantes:
- Se podemos queimar boa quantidade da madeira porque são frutos do tráfico ilegal da madeira, por que não podemos queimar as bebidas contrabandeadas nas nossas fronteiras?
- As bebidas e cigarros contrabandeados que semanalmente são apreendidas nas fronteira moçambicanas. Esses sim, deviam mesmo ser incineradas, afinal elas tem um peso destruidor diante das pessoas que, enganadas pela propaganda, os consomem. Por que não incineramos estes causadores de tanta desgraça familiar? Queimar a madeira num momento em que temos dívidas da EMATUM, numa altura em que o Dólar estremece a economia moçambicana, a nossa dívida externa esta acima de 40%? Esse é o tipo de luxo que Moçambique não se deve dar. A pergunta seria porque não ofereceram aos necessitados? Para nós este tipo de medidas representa um orgulho vazio, pois hoje queimamos o produto de um crime que vale milhões e deixamos o criminoso a passear de fatos e gravata, num Mercedez Benz. Somos muitos frágeis para “procurar protagonismo internacional”, colocando dinheiro no fogo. Hoje queimamos uns bons milhões de Dólares, mas amanhã estaremos com a “mão estendida” para aqueles que nos aplaudiram quando queimávamos o nosso dinheiro. Do mesmo jeito que se faz negócio de madeira no mercado formal, não nos custaria levar esta madeira ao mercado formal após a sua purificação pelo Estado. Aliàs os nossos regulos podem desenpenhar muito bem essa função de purificação uma vez que estão ligados ao estado e podemos os ter como nossos “Swikiros”.
-Quantas carteiras podemos comprar com o dinheiro do produto que nos fizemos crescer?
Quantos empregos podemos fomentar?
-Quantas escolas, postos médicos, fontenárias poderiam advir daquele negócio se formos colocar tudo na mão do Estado para a venda. Soberania não significa ser arrogante quando se trata de eventos do interesse exclusivo de um grupo, mas sim defender princípios e actos que exaltem aos mais nobres interesses da nação – saúde para todos, educação para todos, alimentação para todos e habitação para todos.

Euclides Flavio e Hélio Norberto Passe



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14 comentários
Comentários


Cadu Moreira Sim senhor, os meus parabéns pela descrição escrupulosa deste facto, pois acabo de ler na íntegra este artigo e questiono mais ilustre Euclides: porque é que não se incinera também o dinheiro ilícito que é encontrado com os malfeitores pela nossa polícia? Sinceramente pha, pretendemos resolver um mau, criando imediatamente outro mau!!
Gosto · Responder · 5 · 14/3 às 17:07


Gilder Anibal Maluquices
Gosto · Responder · 1 · 14/3 às 17:14


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Abinelto Bié Bravo! Excelente reflexão, confrades!

Realmente não nos devemos dar ao luxo de queimar a madeira apreendida, seria uma decisão pouco sensata por parte de quem ordenar tal parvoíce. Madeira se difere de pontas de marfim, bebidas (tal como fizestes menção) isso sim pode ser incinerado, com vista a desencorajar a sua pratica ilícita. Com a madeira apreendida podemos fazer muita coisa, para além da sua venda em beneficio do próprio Estado Moçambicano. Nos dias que correm debate-se muito a questão da falta de carteiras nas escolas, penso que é esta a oportunidade de alocar parte dessa madeira para o fabrico das carteiras para as crianças sentarem, para além de outras coisas que podem advir desta madeira. Ora, penso que a sua venda no mercado internacional é muito lucrativa e parte desta (da madeira) poderia ser destinada à venda com vista a fazerem-se outras coisas que, neste momento, são bastante pertinente, algumas das quais aludistes.
Também não vejo necessidade de se incinerar a madeira apreendida.
Gosto · Responder · 3 · 14/3 às 17:14


Crespim Mabuluko É mesmo parte dois recordo-me de teres publicado um as artigo similar no jornal notícias ano passado... Avante o activismo tem varias facetas e a sua tem no papel e caneta uma feramenta. ..
Gosto · Responder · 2 · 14/3 às 17:17


Rose De Carpio Sousa Euclides Flavio, boa colocação meu caro. Devo reconhecer que é uma das melhores analises que já li no facebook. A relação que fazes entre madeira, Emprego e Educação é outro nível. Eu particularmente não entendo o porque da intervenção da tal associação se eles nem conhecem o real impacto do que dizem. Parabéns para si para a pessoa com quem te associaste para escrever. O que faço para te conhecer ao vivo? Penso que poço aproveitar muita coisa de si.
Gosto · Responder · 2 · 14/3 às 17:22 · Editado


Bino Amosse É caso mesmo para dizer luxo na miséria. Diferente dos outros casos como o abate e tráfico de cornos de rinoceronte e pontas de marfim o corte da madeira é legal em Moçambique, dai que existe uma associação que zela por essa actividade. Seria oportuno para o governo criar mecanismos como os que os ilustres arrolam neste artigo como de fortificar a segurança, equipar os fiscais florestais em meios circulantes e materiais, boa remuneração e educação em matérias florestais para desencorajar a cooperar com os criminosos que praticam esta actividade. Já ouvimos relatos de muitos casos de corte ilegal de madeira até envolvendo ministros que tutela a área de preservação das florestas que nada lhe aconteceu, o que de alguma forma cria uma ideia de que para o corte ilegal de madeira apesar de ser crime compensa visto que quando encontrado em flagrante apenas apreendem a madeira e o infractor fica impune. Não devemos esquecer que no caso das pontas de marfim e cornos de rinoceronte apreendidas algum tempo atrás viu-se o que aconteceu, uma parte do mesmo sumiu no comando da cidade (se não for numa das esquadras da cidade), porque mesmo o polícia estava ciente que apesar de ser "dinheiro ilegal" estava-se a queimar o que + o país precisa. Precisamos sim disciplinar exemplarmente os infractores para o caso dos cornos de rinoceronte e pontas de marfim queimar mesmo. Para o caso das madeiras o tratamento deve ser outro, estamos a 40 anos livre da dominação colonial e ainda temos escolas sem salas de aulas e as crianças estudam ao relento porque não reverter essa madeira a favor do estado para ajudar o Ministério da Educação a suprir a falta de carteiras que as escolas de todo país tem. Para além de que na verdade nunca iriam incinerar a madeira na íntegra. Nthlá 😡
Gosto · Responder · 2 · 14/3 às 17:25


Pita Fundice Isto ja e falta de respeito para com o povo. Afinal ainda brincamos assim! Isso me da vontade de deixar essa patria para nao ver estas brincadeiras. Ha um ano resultante da caca furtiva, queimaram todo marfim em nome de desencorajar este tipo de caca. Mas nao pensaram que akilo leiloado daria muita mola para o Estado. Mas keimar a madeira ja e pior vergonha e n tem outra classificacao senao ''Burrice''.
Gosto · Responder · 2 · 14/3 às 17:39


Euclides Cumbe Na minha humilde opinião acho que algo apreendido ou "contrabandeado", reverte-se ou devia reverter-se a favor do estado e este por sua vez dava o devido encaminhamento. Acho absurdo dicidir por inceneracao daquela madeira enauanto milhares de crianças estudam ao relento, combatemos um mal procando outro
Gosto · Responder · 3 · 14/3 às 17:45


Dércio Tsandzana É um assunto problemático este, me fez recordar a questão da incineração protagonizada também pelo MITADER anos atrás. Por um lado essa Associação pode ter a sua razão, pois todos desconfiam de qual pode ser o destino deste produto.
Gosto · Responder · 1 · 15/3 às 9:36


Hélio Norberto Passe Euclides Flavio em sua plena lucidez. A tua ideia pode criar um movimento. Forca meu caro.
Gosto · Responder · 2 · 15/3 às 12:18


Elcidio Mualisa Concordo plenamente consigo meu caro, devemos transformar essa desgraca, pelo menos para o beneficio do povo. Por acaso ainda nao percebi qual é o ganho do Governo em destruir a madeira sabendo que ha milhares de criancas que estudam sentadas no chao. Porque nao fazer leilao e reverter o valor a favor do Estado apos a sua apreensao, tal como faz com outros produtos contrabandeados? Queremos sim acabar com o contrabando, abate descriminado das arvores, mas ha que colocar mao nao consciencia, fazer uma intronspecao se realmente vale apenas evereder por esse caminho para controlar esse desastre? Precisamos de destruir os bens apreendido para o mundo ver que tomamos medidas a fim de combater essses crimes? Acho que nao, tudo deve ser feito nao para "ficar bem na foto" ou para mostrar e alegrar a comunidade internacional, mas sim para para o bem estar do povo.
Gosto · Responder · 1 · 15/3 às 23:25


De Waan Candido Só tenho a dizer o seguinte: ser signatário duma convenção Internacional é uma coisa a ser respeitada. não cumprir chama - se violação.
E violação descredibiliza a nação .

2 saídas :
. queimar e retirar - se da convenção pra passar tratar o assunto no contexto moçambicano.
. queimar, manter - se e propor mexidas no documento para situações pontuais como esta;

mas tudo dá no mesmo QUEIMAR.
Gosto · Responder · 1 · 16/3 às 0:46


Correias De Nicolau Jasse Boa reflexao meu caro.
Gosto · Responder · 1 · 16/3 às 12:53


Carmelo Pontes facam carteiras para as criancas, queimar e deitar dinheiro fora
Gosto · Responder · 1 · 17/3 às 11:15

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