domingo, 18 de junho de 2017

Partido Frelimo, o eterno vencedor

Por Edwin Hounnou
Com a actual Lei Eleitoral e com a presente composição e funcionamento do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), da Comissão Nacional de Eleições (CNE) e do Conselho Constitucional (CC), dominados pelo partido Frelimo que, a todo o custo, tentarão conferir vitórias fraudulentas ao partido governamental, aliás, como sempre têm procedido. Não há dúvidas de que as próximas eleições serão, infalivelmente, ganhas pela Frelimo porque, enquanto a lei não for alterada, não há possibilidade de as eleições serem vencidas por outra força política. Em 2009, foi claro para que a Frelimo impôs à CNE a sua versão no lugar de editais que pudessem provar a sua vitória. Os únicos que acreditam que a Frelimo venceu as eleições é a própria Frelimo.
Estou sem entender por que caminhos anda a Oposição, de modo muito particular a Renamo, que tem tudo ao seu alcance para forçar a mudanças substanciais no cenário político nacional mas não o tem feito o suficiente e com a devida convicção. A Renamo compara-se a um grande atleta de que, no último segundo da competição, se atira ao chão quando todos batem palmas. O povo tem andado de desilusão em desilusão com a actuação inconsequente da Renamo que ora diz uma coisa ora diz outra, a contradizer o que tinha dito antes. Eu, há muito tempo, que perdi a confiança na Renamo, deixei de acreditar nas suas promessas porque sei que ela não é consequente, não cumpre com as suas palavras.
Hoje diz uma coisa e no dia seguinte diz outra diametralmente oposta. Todas as eleições multipartidárias realizadas nunca foram ganhas nas urnas pela Frelimo, porém, este partido ainda não deixou o poder. Isso não acontece pela inserção no povo mas devido à sua esperteza de subverter os resultados, por consentimento tácito da oposição que não se organizam bem. A Frelimo tem usado, frequentemente, a Força de Intervenção Rápida para prender e as forças da oposição. É recorrente ver agentes do SISE nas assembleias de voto prontos para prenderem a quem se mostre contrário aos desígnios da Frelimo. O STAE instrui aos presidentes de mesa de voto para ignorarem as reclamações dos representantes da oposição. A impugnação prévia é uma fantochada porque desagua nos tribunais distritais, onde pululam juízes pró-Frelimo. Se a oposição não se bater, com estoicismo, para alterar o actual quadro jurídico-eleitoral, o partido Frelimo será o eterno vencedor das eleições, por mais que a oposição se agrupe e avance numa frente única. A Frelimo tem a maioria no STAE, que é lá onde se cozinham as fraudes. Tem a maioria na CNE, que é lá onde se condimenta a fraude. Tem a maioria no CC, é aqui onde se validam e proclamam os resultados fraudulentos.
Por isso, todo o exercício político que não vise a alterar a Lei Eleitoral é uma brincadeira de adultos que não leva a nada. A alteração da Lei Eleitoral não se faz com telefonemas entre dois irmãos desavindos, mas, com uma ampla e inclusiva discussão. Sem isso, o partido Frelimo é e sempre será o eterno vencedor das eleições.
Posted at 12:21 in Opinião | ShareThis

Comments

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Frank said in reply to Francisco Moises...
"A Renamo nao existe politicament e é so um ome."
Caro Francisco,
Permita-me que o felecite por esta sábia declaração. É uma verdade que é dura de aceitar por parte de uma "auto-proclamada" oposição que na realidade não exite.
Em Moçambique existe um regime de partido único. O resto são fantoches que recebem favores da Frelimo para se manterem calados. É o caso dos Mercedes para a comissão política de fachada que inclui os fantoches da Renamo e do MDM.
As pessoas comuns em Moçambique já dizem abertamente que não estão representados no atual sistema político.
2
Muito interessante que sejam pessoas de fora como Edwin Hounnou que veem as coisas e a situaçao dificil em que a Renamo se encontra como resultado das manipulaçoes e manobras da Frelimo e da desorganisaçao mental do seu chefe. Nenhum renamista vê o que esta errado no comportamento do seu chefe e como o seu chefe assegura que a Frelimo continue e continuara a ser dirigente de Moçambique.
Nao sei se é justo culpar a Renamo. Penso que a Renamo, desativada e tornada inoperacional pelo seu dirigente, tem culpa por os seus comandantes nao agirem para acabar com o papel desorganisador do seu lider. Mas a culpa pela desorganisaçao do grupo no passador militarmente poderoso deve se imputar a Afonso Dhlakama que monopolisou a Renamo e a transformou em sua propridade pessoal que esta nos seus bolsos.
A Renamo nao existe politicament e é so um ome.
Ele faz e desfaz como um bandido autentico com toda a desinteligência que o caracterisa.
Posted by Moçambique à(s)

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