quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Governo “enterrou” mais meio bilião de meticais nas Linhas Aéreas de Moçambique


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Tema de Fundo - Tema de Fundo
Escrito por Adérito Caldeira  em 24 Agosto 2017
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A promessa do Presidente Filipe Nyusi de “quebrar o mito” que as Linhas Aéreas de Moçambique são a companhia de bandeira parece não passar de intenção. É que o seu Governo avalizou, mais um, empréstimo de mais de meio bilião de meticais para a empresa restaurar as suas operações e apoiar a tesouraria. Com mais este empréstimo ascende a 5,1 biliões as dívidas das LAM à banca nacional.
Quando em meados de Abril último o Chefe de Estado visitou as LAM e constatou os resultados de más decisões tomadas ao longo de várias décadas, cada vez mais visíveis no serviço prestado aos passageiros, assegurou que o seu Governo iria “intervir”.
“Vamos quebrar o mito de que somos bandeira. Podemos negociar para a bandeira ser de qualidade. Caso não vamos rebentar”, declarou Filipe Nyusi na ocasião sem precisar de que forma essa intervenção iria acontecer.
Importa recorda que quando Nyusi assumiu o poder já as Linhas Aéreas de Moçambique estavam numa situação de falência técnica, apresentando capital próprio negativo no montante de 1.321.839.818 meticais, resultante de perdas acumuladas no montante de 4.058.057.985 meticais, e as suas responsabilidades correntes excediam os activo correntes, no montante de 1.507.041.177 meticais.
Empréstimo de 553,8 milhões de meticais do Banco Nacional de Investimentos
Para continuar a voar as LAM, de certa forma, pararam de honrar os seus compromissos com fornecedores, como aliás o @Verdade revelou, aumentando a sua dívida,entre 2014 e 2015, em mais 745,384,392 meticais o que colocou a atraso com fornecedores em 1,696,669,414 meticais.
Outra solução foi renegociar os prazos de pagamentos vencidos das dívidas não correntes que tem no Banco Comercial e de Investimentos, Banco ABC, Moza Banco e no Millennium BIM.
Entretanto a Conta Geral do Estado de 2016 revela que durante esse exercício económico o Governo emitiu uma Garantia bancária de “553,8 milhões de meticais à favor das Linhas Aéreas de Moçambique, relativo ao empréstimo no BNI(Banco Nacional de Investimentos) destinado à restauração de operações e apoio à Tesouraria da Empresa”. Somados o @Verdade apurou que este as LAM devem, em empréstimos não correntes, 3,8 biliões de meticais.
A este montante, de acordo com o Relatório e Contas da empresa a que o @Verdade teve acesso, acrescem 1,3 biliões de meticais em empréstimos correntes que a ainda “companhia de bandeira” tem em dez instituições bancárias nacionais, entre eles o extinto Nosso Banco onde as LAM deviam mais de 61 milhões de meticais.
Mercado de aviação civil moçambicano não é atractivo às grandes companhias
Há muito tempo que a estatal da aviação civil excedeu a sua capacidade de endividamento, talvez por isso o novo financiamento tenha sido concedido pelo banco onde o Estado é accionista maioritário.
Aliás o @Verdade entende que o Estado moçambicano, como accionista maioritário, poderá ter efectuado outras entradas de capital nas LAM por forma a sanar a situação de falência técnica que a empresa se encontrava no início de 2016.
A Administração das Linhas Aéreas de Moçambique não esteve disponível para comentar as questões do @Verdade.
Membros do Governo de Nyusi têm afirmado que a solução passa por encontrar um parceiro estratégico que traga não só o conhecimento do mercado da aviação mas também pujança financeira que falta à empresa, e ao Estado moçambicano, que é o maior accionista da empresa com 96% do capital.
Especialistas do ramo de aviação civil ouvidos pelo @Verdade são unânimes em afirmar que as LAM não são atrativas para o investimento, algumas fontes sugeriram a companhia talvez pudesse ser vendida por uma valor simbólico tendo em conta o passivo, os poucos aviões que possui e o exíguo mercado moçambicano.
É que embora o espaço aéreo nacional esteja aberto há vários anos tem sido pouco atractivo à entrada de novos grandes operadores de aviação civil, o @Verdade sabe o concurso público para alocação de rotas aéreas domésticas ficou quase deserto, concorreram apenas as companhias que já operam no mercado nacional.

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