sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

SOBRE AS NOSSAS ESTRATÉGIAS DE SAÚDE


    Tenho observado amiúde o crescimento de projectos de proteção da rapariga contra a gravidez precoce em todo o país. Ao que me parece, esse crescimento é apenas quantitativo, perdendo pela qualidade.
    Ora, existem projectos que usam métodos anticoncepcionais como estratégia para evitar a gravidez em raparigas e adolescentes, por forma a manté-las na escola. Os métodos passam por anéis vaginais, injetáveis, adesivos, implantes, DIUs, pílulas..., etecetera.
    A minha pergunta é: essa estratégia é boa? Ensinar uma adolescente a fazer implante ou a tomar pílula para não conceber é a estratégia mais correcta? Não estaríamos aqui a estimular a sexualidade infantil sem proteção? Não estaríamos aqui a incentivar as adolescentes ao sexo intergeracional, transacional e concomitante? Não estaríamos aqui a encorajar para a multiplicação de doenças sexualmente transmissíveis, como o Aga-I-Vê? Será esse um método sustentável a médio e longo prazo? Não seria melhor investirmos na comunicação para a mudança de atitude?
    Há grupos de activistas capacitados que passam nos bairros a aconselharem e a referirem as pessoas para os centros de saúde para escolherem o método anticoncepcional que acharem melhor para si. Nos centros de saúde da cidade de Nampula (por exemplo, o 25 de Setembro) as filas para implantes têm aumentado a cada dia. Algumas das "implantadas" são adolescentes. De acordo os especialistas dessa estratégia, estão a ser "implantadas" para não engravidarem e para não abandonarem a escola. O problema é que, nos próximos anos, essas adolescentes continuarão - sim - nas escolas, mas seropositivas, porque não foram ensinadas a se protegerem. Foram ensinadas a evitarem à gravidez, mas não a doenças. E aí iremos pedir outros financiamentos para tratá-las. E assim continua o círculo vicioso: uns investem na infecção, outros no tratamento.
    Num momento em que "o nosso maior valor é a (dí)vida, devíamos discutir melhor essas estratégias. Vamos debater isso abertamente. Se continuarmos assim não haverá futuras gerações para verem Moçambique a chegar da sua volta.
    - Co'licença!™
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    Congratulations
    Josue Mucauro Diálogo é a melhor forma de explicar para os menores que tudo tem o seu tempo, mas acredito que as pessoas que estão a frente desses projetos trabalham com números, dados, ou seja factos, e é um facto que muitas meninas abandonam escolas por causa da gravidez, e é um facto que esses projectos tem feito índices de gravidez precoce baixar. Há sim diálogo sobre doenças de transmissão sexuais, em muitas escolas tem lá projeto relacionado com isso, o debate sobre sexo vem deixando de ser tabu. Para mim esses projeto são os que mais tem apresentados resultados visíveis, diálogo sim, evitar que as crianças abandonem a escola é melhor para o Moçambique do amanhã.
    Nena Matavele Tudo dito
    Eusébio Chitlango Excelente Reflexão...
    Benício Da Cruz Baulo Gostamos de medidas paliativas e nunca vamos ao âmago da questão...como resultado temos uma bolada que ensina as raparigas que podem fazer sexo sem proteção com quanto use um método anticoncepcional e depois aparecerá um outro iluminado com uma outra bolada para curar as mesmas raparigas.
    El Patriota Pois é. A prática manda dizer que logo após ter acesso a esses métodos contraceptivos, o sexo vira festa. É a torto e a direito. Afinal já não pode engravidar...
    Juma Aiuba Exactamente.
    El Patriota "Vamos usar preservativo para que? Se estamos a fazer planeamento familiar" - dizem. Para mim a gravidez precoce é uma coisa muito séria, mas o "Aga-I-Vê", como vossa excelência diz, é pior!
    Jr Chauque Não sou Contra a pílula nem implantes mas não traz complicações no futuro para a tal adolescente?
    Juma Aiuba Isso também. Algumas começam a desenvolver câncer muito cedo. Outras ficam inférteis para sempre.
    Jr Chauque Já desconfiava...cada máquina com a Sua função e não funcionando tem as suas consequências,não querendo eu defender gravidez precoce e bebês-mamãs apenas uma verdade.eply...
    Andre Jorge Chifeche Estou ha bastante tempo a reclamar sobre esses metodos porque nao os vejo como ajuda mas sim prejudicam a propria rapariga dum lado. Me parece que oque está em causa é so a gravidez apenas ,descartando o HIV que vitima muito mais esta camada juvenil.
    Jose Alexandre Faia E a maior parte dis implantes acabam se deslocando provocando hemorragias e danos maiores.
    Claudio Zunguene A sociedade deve buscar a melhor solução para o problema!
    Cremildo Bahule ...um dilema: acho - repito "acho" - que os agentes da saude estao a fazer o seu papel; o problema esta na recepcao da informacao e sabemos que a "cultura sexual" ainda 'e um tabu aqui em casa; acredito que a mesma informacao, nos mesmos moldes, numa outra sociedade, teria um outro impacto. p.s.: concordo que alguns metodos provocam infertelidade.
    Wilson Profirio Nicaquela Estudei e conclui isso mesmo Juma Aiuba. A outra pergunta que fiz foi como elas/ele percebem esses metodos e mensagens transmitidas por essas instituições? Disseram que fazem de contas que acatam!
    Juma Aiuba Há muita coisa que está a falhar aqui.
    Wilson Profirio Nicaquela Muita coisa. As pessoas não reconhecem que imposição é infrutífera.
    Mussa Dramuce Mussa Dramuce Juma te levo para o Lugar da Dra Nazira.
    Orlando Simão Ao adolescente o melhor metodo é a abistinencia.na sequência, o uso dos perservativos q pode ser associado aos anticonceptivos p os casos, EVENTUAIS, de "acidentes" c o "perserva".
    Ntem!!!
    Salomão Mambo É preferivel dar a pilula a quem tem as balas não a pessoa que vai ser atingida. Nesses centros de eduacação sexual só estão presentes raparigas mas para o homem que é o problema não nenhum programa de consciencialização sobre os problemas que tem criado as raparigas.
    Lorena Massarongo Nesta "era da informação", a mensagem sempre acaba chegando aos nossos mais-que-tudo, e de forma inapropriada!

    Passemos nós, pais, a mensagem, no tempo certo e da forma mais apropriada! Que seria????

    Começa também connosco, começa também pela consciência de serem, estas raparigas, nossas filhas e/ou futuras noras/cunhadas e, até mesmo, nossas futuras sogras, e seus respectivos comparsas, em nada menos determinantes, nossos filhos e ou futuros genros/cunhados e, porque não, futuros sogros.
    Andre Mahanzule Não poderia ter sido mais exaustiva cara Lorena, santo Deus!
    Maria Regina Faustino Em quase todas escola existe um gabinete pertencente a CADE. ESH(escola sem Hiv) que serve justamente para incentivar os adolescentes para o uso da proteção durante o acto sexual. Dão métodos de prevenção desde o preservativo a abstinência. O que se nota é que estes mesmo com o aconselhamento ENGRAVIDAM POR ACIDENTE, como eles dizem. Daí haver esses programas exclusivos para a rapariga, são estas as que saem mais prejudicadas nesses acidentes que acontecem. Nos somos teimosos por natureza,mesmo com informação, formação ainda assim se registra-se um elevado número de adolescentes grávidas nas escolas secundárias.
    Juma Aiuba Eu estou a falar concretamente dos que passam nos bairros. Mesmo para os das escolas devíamos pensar numa melhor estratégia. Estratégia de comunicação para mudança de comportamento seriam ideiais. O problema é que a mudança de comportamento é um processo longo e é difícil ver os resultados, mas resulta sempre. Passa por mensagens contínuas. Elas são ainda crianças e é sim possível influencia-las. É de pequeno que se torce o pepino.
    Olímpio Paulo Chico Subscrevo em derradeiro pranto. Infelizmente, são as "estratégias".
    Regina A. Charumar Continuamos a ter estratégias iguais em todos os problemas "começar da morte" como dizem os outros. Eu acho que há mesmo preguiça...é mais fácil manda-las aos postos medicos e convencê-las a tomar e aceitarem pílulas (mesmo que tenha efeitos colaterais depois) do que desenhar um programa educativo incisivo e continuo. Essa coisa de programas incisivos e continuo deve ser chato e trabalhoso, comunicar, informar, educar custa, só pode ser isso
    Eles com certeza teriam que despender mais conhecimentos ( que não têm) e claro, preferem investir em "aconselhadores" e vendedores de fármacos e marcas. Estas meninas aprendem somente a tomar pílulas e mais nada...
    Juma Aiuba Exactamente. Estamos a ser vítimas da indústria farmacêutica. Eu até acho que desenhamos a estratégia antes de conhecermos os problemas. Daí que ignoramos os impactos dessas pseudo-estrategias.
    Regina A. Charumar Não desenhamos estratégias (para estes casos meu amigo), investimos no marketing dos produtos só isso...as pílulas, implantes e preservativos não seriam bom negócio se tivéssemos programas educativos verdadeiramente educativos, resgatariamos a abstinência que não geraria lucros
    Juma Aiuba É isso.

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